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Mamífero do tempo dos dinossauros tinha uma mordida super poderosa, aponta pesquisa

O posto das hienas e felinos-dente-de-sabre no ranking das mordidas mudou: há um mamífero com uma mordida ainda mais forte!

Um novo estudo realizado pelo Museu Burke de História Natural e Cultura e por paleontólogos da Universidade de Washington descreve um parente dos primeiros marsupiais chamado Didelfodonte (Didelphodon vorax) que viveu lado a lado com os dinossauros tinha, simplesmente, a mordida mais poderosa de todos os mamíferos de que temos notícia!

Reconstrução em vida do Didelfodonte. Crédito: Misaki Ouchida

Publicado na revista Nature, os resultados da equipe sugerem que os mamíferos eram mais variados durante a Era Mesozóica do que se acreditava anteriormente. O Didelfodonte era capaz de comer uma variedade de alimentos, e era provavelmente um predador que poderia atacar de caracóis até pequenos dinossauros.

Além disso, a equipe rastreou a origem dos marsupiais. As hipóteses anteriores indicavam a América do Sul como o berço dos marsupiais, mas as características anatômicas do Didelfodonte sugerem que os marsupiais originaram-se na America do Norte há 10-20 milhões de anos antes do que se pensava, e aí mais adiante eles teriam se dispersado e se diversificado em Ámérica do Sul.

"O que eu amo sobre o Didelphodon vorax é que ela quebra o molde clássico dos mamíferos do Mesozóico", disse o Dr. Gregory P. Wilson, curador do acervo de paleontologia de vertebrados do Museu Burke e professor de biologia da Universidade de Washington. "Em vez de um mamífero parecido com um musaranho se escondendo sutilmente às sombras dos dinossauros, esse mamífero do tamanho de um texugo teria sido um temível predador na paisagem do Cretáceo Superior, mesmo para alguns dinossauros".

O Dr. Wilson e seus colegas examinaram quatro espécimes fossilizados de Didelphodon vorax, incluindo um focinho parcial (primeiro à esquerda), um crânio quase completo (segundo à esquerda) e dois ossos superiores da mandíbula (direita). Crédito: Museu Burke de História Natural e Cultura

Todas essas descobertas são possíveis devido a quatro espécimes fósseis recentemente descobertos em rochas datadas de 69-66 milhões de anos atrás na Formação Hell Creek em Montana e Dakota do Norte. Antes destas descobertas, as 60 espécies conhecidas de metatérios (marsupiais e seus parentes mais próximos) do Cretáceo da América do Norte - incluindo o Didelfodonte - foram quase todas identificadas através de fragmentos de ossos ou dentes da mandíbula, fornecendo um vislumbre limitado dos parentes mais próximos dos marsupiais. Esses quatro fósseis incluem um crânio quase completo da coleção de fósseis estaduais da Geological Survey da Dakota do Norte, um focinho parcial e um osso da mandíbula superior da coleção do Museu Burke, e outra mandíbula superior do Museu de História Natural da Sierra College.

Analisando partes nunca antes vistas da anatomia do Didelfodonte, o Dr. Wilson e seus colegas foram capazes de determinar que estes parentes marsupiais eram aproximadamente do tamanho de um gambá-da-virgínia (que pode atingir até o tamanho de um gato doméstico) e eram os maiores metatérios do Cretáceo. Com um crânio quase completo para medição, os cientistas foram capazes de estimar o tamanho total do Didelfodonte. Para testar a força da mordida desse animal, Abby Vander Linden, um técnico de biologia da UW do Museu Burke, curador de mamalogia no laboratório do Dr. Sharlene Santana e agora um estudante graduado na universidade de Massachusetts Amherst, escaneou os fósseis e comparou as aberturas com os pontos de inserção dos músculos mandibulares de reconstruções de crânios de mamíferos - que possuem a força da mordida conhecida. As medidas da força de mordida indicaram que o Didelfodonte não só tinha uma mordida forte, como também tinha a mordida mais forte do qualquer mamífero conhecido. Além da força da mordida, os caninos de Didelfodonte eram similares aos dos felinos atuais e hienas - sugerindo que poderiam esmagar ossos, morder profundamente e matar as presas. Seus molares de corte e grandes pré-molares arredondados, combinados com poderosas mandíbulas e músculos mandibulares, indicam que ele preenchia um nicho específico na cadeia alimentar como um predador ou carniceiro capaz de esmagar ossos duros ou conchas, e também capaz de comer presas tão grande quanto ele - até mesmo, possivelmente, pequenos dinossauros.

"Eu esperava que o Didelfodonte tivesse uma mordida bastante forte baseada no crânio e nos dentes robustos, mas fiquei realmente surpreso quando fizemos os cálculos e descobrimos que, quando ajustado para o tamanho do corpo, ele era capaz de uma mordida mais forte do que a de uma hiena ", disse Vander Linden. "Trata-se de um mamífero seriamente resistente."

O dr. Gregory Wilson segurando um crânio fossilizado de Didelfodonte. Crédito: Museu Burke de História Natural e Cultura

O co-autor do estudo, o Dr. Jonathan Calede, ex-aluno de pós-graduação em Biologia da UW e agora professor assistente na Universidade de Bucknell, também examinou padrões de "microdesgastes", ou minúsculas fissuras e arranhões nos dentes dos espécimes, para identificar o que os animais teriam comido, ou seja a "última ceia" (provavelmente um ou dois dias antes da morte dos animais). Ao comparar os padrões de microdesgastes de Didelfodonte com os dentes de outras espécies fossilizadas e mamíferos atuais com dietas conhecidas da coleção de mamíferos do Museu Burke, Calede descobriu que o Didelfodonte era um onívoro que provavelmente consumia uma gama de vertebrados, plantas e invertebrados duros como moluscos e lagostas, mas poucos insetos, aranhas e anelídeos (minhocas e sanguessugas).

"O interessante sobre esses fósseis é que eles nos permitiram estudar a ecologia de Didelfodonte sob muitos ângulos", disse Calede. "As conclusões do estudo vieram por meio da convergência dos microdesgastes com a análise da força da mordida e os estudos sobre a forma e a quebra dos dentes, bem como a forma do crânio como um todo."

Além de aprender muito mais sobre a biologia do Didelfodonte, as características recém-descritas do crânio nestes fósseis fornecem pistas que ajudam a esclarecer a origem de todos os marsupiais. A equipe encontrou cinco grandes linhagens de antepassados ​​marsupiais e marsupiais que se separaram na América do Norte há 100-85 milhões de anos atrás. Os parentes dos marsupiais também ficaram maiores e se alimentaram de uma variedade mais ampla de alimentos, coincidindo com um aumento na diversidade de outros mamíferos primitivos e plantas com flores. A maior parte dessa diversidade norte-americana foi então perdida gradualmente da Idade Campaniana Superior para a idade Maastrichiana (79-66 milhões de anos atrás) e, em seguida, parou abruptamente durante a extinção em massa do Cretáceo-Paleógeno (65 milhões de anos atrás), que também acabou com os dinossauros -exceto pássaros. Nessa época, a diversidade e a evolução dos marsupiais foi deslocada para a América do Sul.

"Nosso estudo destaca como, apesar de décadas de pesquisa paleontológica, novas descobertas de fósseis e novas formas de analisar esses fósseis ainda podem impactar fundamentalmente a nossa visão de algo tão central para nós quanto a evolução de nosso próprio clado, o dos mamíferos", disse Wilson.

Fonte: Phys.org

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