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Por que haviam tantos dinossauros??


Uma nova espécie de dinossauro é descrita, em média, a cada dez dias. Cerca de 31 espécies já foram relatadas em 2015, por exemplo. Mas o que conta para se designar uma nova espécie? Já que estamos lidando com animais extintos há milhões de anos, podemos afirmar que não é algo tão simples, e mesmo entre os paleontólogos há divergência quanto a uma "lista oficial de espécies extintas". Mas, em média, é consenso geral que haviam muitos dinossauros - 700 ou 800 do que nós conhecemos, provavelmente milhares no total. Então, como os dinossauros se tornaram tão diversos?

Primeiro, precisamos ter uma idéia de quantas espécies de dinossauros existiram. Um estudo tentou estimar a diversidade total de dinossauros usando o efeito de espécie-área - a ideia é que, se soubermos quantas espécies uma pequena parte da Terra pode abrigar, podemos extrapolar quantas devem ter existido em todo o mundo. Estes cálculos sugerem que no final do Mesozoico, 66 milhões de anos atrás, a diversidade permanente de dinossauros - todas as espécies vivas em um lapso de tempo - estaria entre 600 e mil espécies.

Isso parece ser uma estimativa razoável, pois se você contabilizar todos os mamíferos terrestres vivos pesando mais de 1kg (o tamanho dos menores dinossauros) e então adicionar as espécies extintas dos últimos 50 mil anos, como mamutes lanudos, Preguiças-gigantes e cangurus gigantes (corrigindo perdas à diversidade causada por seres humanos) você acabaria com uma figura semelhante.

No entanto, este é apenas o número de espécies em torno de um lapso de tempo, e os dinossauros viveram por aqui durante muito, muito tempo. Ao longo do Mesozóico, diversos dinossauros evoluíram constantemente e foram extintos. Fazendo algumas estimativas rápidas e grosseiras, e supondo que mil espécies de dinossauros viveram a qualquer momento, e que as espécies se transformaram a cada milhão de anos - 160 vezes ao longo do reinado dos dinossauros - terminamos com 160 mil espécies! Dinossauros pra dedéu!

Esta é, obviamente, uma estimativa muito grosseira. Depende de um monte de suposições, como quantas espécies diferentes o planeta pôde suportar, e como rapidamente elas evoluíram e foram sendo extintos. Se assumirmos uma menor diversidade de 500 espécies e um volume de transformação evolutiva mais lento, com espécies durando no planeta por 2 milhões de anos, por exemplo, chegamos a cerca de 50 mil espécies. Por outro lado, talvez a diversidade permanente de 2 mil espécies seria razoável para a exuberante Era Mesozóica, e talvez elas só durariam apenas meio milhão de anos. Isso nos dá mais de 500 mil espécies. Então parece razoável supor que havia entre 50 mil e 500 mil espécies de dinossauros - sem incluir pássaros Mesozóicos, o que poderia dobrar a diversidade!!

Por que tantas espécies, então? Trata-se de três coisas. Os dinossauros eram bons em especialização, localização e especiação.

Especialização

Os dinossauros eram ótimos em se "especializar" e, ao se especializarem para explorar diferentes nichos, diferentes espécies podiam coexistir sem competir. No oeste da América do Norte, o predador gigante Tiranossauro Rex coexistiu com poucos dromeossaurídeos predadores, como o Dakotaraptor. Os enormes saurópodes de pescoço longo caminhavam ao lado de ceratopsianos com cornos, que roçavam samambaias e flores. Havia comedores de plantas menores - paquicefalossauros e dinossauros-avestruz - assim como unenlagídeos pernaltas que comiam peixes, e mesmo pequenos dinossauros insetívoros.

E nesses nichos, havia uma especialização adicional. O T-rex era grande e tinha mandíbulas maciças, mas membros bastante reduzidos, e era bem adaptado para predar o lento mas fortemente armado Tricerátops. O primo de T-rex , Nanotyrannus , era menor, mas tinha as pernas esguias de um corredor de maratona, e provavelmente perseguia presas mais rápidas. Esta especialização significou que - com base em estudos recentes de fauna por parte do paleontólogo Nick Longrich - até 25 dinossauros poderiam viver lado a lado em um habitat.

Localização

A questão da localização refere-se a como diferentes lugares tinham diferentes espécies de dinossauros. A Mongólia tinha um conjunto de animais - tiranossauros, dinos bico-de-pato e dinossauros-avestruz - habitando um delta luxuriante que fluía através do meio de um deserto. A poucos quilômetros de distância, pequenos dinossauros com chifres e bicos de papagaio, como o Psitacossauro, e terópodes onívoros como o Oviráptor habitavam os campos de dunas. Os dinossauros também mostram diferenças entre continentes, com diferentes espécies habitando diferentes partes da América do Norte , por exemplo. Entre os continentes , as diferenças são ainda mais extremas. Durante o final do Cretáceo, a América do Norte e a Ásia foram dominadas por tiranossauros, dinossauros bico-de-pato e dinossauros com chifres. Mas a África e a América do Sul, cortadas por oceanos há dezenas de milhões de anos, tinham um conjunto inteiramente diferente de espécies. Em vez de tiranossauros, os abelissauros como o Carnotauro eram predadores superiores. Em vez de dinos bico-de-pato, os titanossauros de pescoço longo eram os comedores de planta dominantes.

Especiação

Os dinossauros desenvolveram novas espécies com uma velocidade notável. Os métodos de datação radiométrica tornou possível datar rochas contendo fósseis de dinossauros, e a partir daí, isso auxiliou o desenvolvimento de uma estimativa de em quanto tempo as espécies de dinossauros duraram. As rochas que compoem a Formação Hell Creek em Montana, por exemplo, foram depositadas durante um período de cerca de 2 milhões de anos. No fundo destes estratos, temos uma espécie - Triceratops horridus, e no topo, temos um segundo Triceratops prorsus evoluindo a partir do primeiro.

Isto implica na estimativa de que uma espécie deve ter durado um milhão de anos ou menos - um tempo curto, pelo menos em termos geológicos. Estudos de outras formações, e outros dinossauros com cornos, tendem a sugerir que outras espécies também tiveram vida curta. No sítio paleontológico conhecido como "Dinosaur Park", no Canadá, podemos encontrar fósseis que mostram três diferentes conjuntos de dinossauros - o primeiro substituído pelo segundo, o segundo pelo terceiro - evoluindo em 2 milhões de anos . Os dinossauros evoluíram rapidamente, impulsionados por mudanças nos mares, climas e continentes do planeta, e também a evolução de outros dinossauros. E se não o fizeram, foram extintos.

Nós nunca saberemos exatamente quantos dinossauros existiram. É muito raro um animal acabar sendo fossilizado e se preservar até a era atual - sobrevivendo a interpéries e erosões - de modo que muitas dezenas de milhares de espécies, talvez centenas de milhares, estão provavelmente perdidas para nós para sempre. E ainda, uma coisa notável é que o ritmo de descoberta de dinossauros realmente aumentou ao longo dos anos. A maioria das espécies que já viveram está perdida, mas temos milhares ainda para encontrar.

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